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Rev. José Manuel da Conceição,
primeiro pastor presbiteriano do Brasil |
Certamente
você não encontrará em um guia de profissões a palavra
pastor; da mesma forma,
difícil será descobrir em um teste vocacional um candidato ao pastorado e,
naturalmente, os cursinhos de
pré-vestibular não contemplam a preparação para o pastorado. Entretanto, os
pastores estão por ai – em todos os cantos da terra – exercendo o seu ofício em
diversas denominações protestantes. Como eles são formados? Qual o nível de
preparação? Reconheço que as respostas
não são as mesmas diante da proliferação de denominações e seitas evangélicas -
por isso, esse artigo tem como foco a FORMAÇÃO DO PASTOR PRESBITERIANO. Existe pastor e pastor! É preciso diferenciar uns dos outros. Infelizmente a
sociedade nos nivela pela maioria. Quando digo que sou pastor, certamente a visão
da maioria tem como foco os pastores universais dessa vida. Por isso esse
artigo tem como objetivo apresentar os caminhos trilhados pelos pastores da
Igreja Presbiteriana do Brasil.
A Igreja
Presbiteriana do Brasil segue rigorosos critérios de avaliações que se impõem
desde o início da chamada ministerial até o dia da sua ordenação como Ministro
Presbiteriano. As seguintes fases são obedecidas:
1º CHAMADO MINISTERIAL
Quem
se sentir chamado para o pastorado deverá se apresentar ao Conselho da sua
Igreja local. Após EXAMINADO E AVALIADO – e sendo considerado potencialmente
apto – é designado um campo de trabalho nos limites da Congregação local por um
período de um ano. Após o término desse prazo o candidato se reapresenta ao
Conselho da sua Igreja, e novamente é EXAMINADO E AVALIADO pelo trabalho que
desempenhou durante um ano. Se a avaliação for positiva, satisfatório e
suficiente ele é encaminhado para o Presbitério no qual a Igreja é
jurisdicionada.
2º CANDIDATO AO SAGRADO MINISTÉRIO
Em chegando no Presbitério o candidato ao
ministério sagrado deverá apresentar os seguintes atestados:
- De
ser membro da Igreja em plena comunhão;
- Do
Conselho, declarando que, no trabalho da Igreja, já demonstrou vocação para o
ministério sagrado;
- De
sanidade física e mental, fornecido por profissional indicado pelo Presbitério.
Depois disso,
EXAMINADOS E AVALIADOS os documentos o Presbitério examinará o aspirante quanto
aos motivos que o levaram a desejar o ministério pastoral. Para isso será
criada uma Comissão especial que o EXAMINARÁ e o AVALIARÁ quanto a essa
questão. Sendo satisfatórias as respostas, o aspirante passará a ser
considerado candidato do presbitério, e será designado um Seminário Presbiteriano
para os seus estudos, além de um tutor eclesiástico para o acompanhar na sua
jornada intelectual.
3º PREPARAÇÃO ACADÊMICA (SEMINÁRIO)
Escolhido o Seminário Teológico o candidato
estudará durante 04 a 05 anos, sendo instruído em várias áreas do saber –
naturalmente se aprofundando em teologia e Bíblia (Detalhe: antes disso, ele
prestará vestibular, concorrendo a uma vaga em uma Instituição teológica da
Igreja Presbiteriana do Brasil).
A
IPB não dispensa a preparação intelectual dos seus pastores. O ministro, cujo
cargo e exercício são os primeiros na Igreja, deve conhecer a Bíblia e a
teologia; ter cultura geral; ser apto para ensinar e são na fé.
Nessa
fase estudantil anualmente o seminarista envia relatório para o seu tutor dando
conhecimento da sua dinâmica acadêmica e vida pessoal, por sua vez o tutor
reenvia ao Presbitério na sua reunião anual ordinária. No período de recesso
escolar o seminarista trabalha no campo do seu presbitério colocando na prática
seus estudos teóricos. Após a conclusão dos seus estudos o candidato ao
ministério sagrado recebe um diploma de bacharel em teologia, e segue para mais
uma etapa rumo à ordenação.
4º LICENCIATURA
Concluído o curso teológico o
candidato de apresenta mais uma vez ao seu Presbitério de origem que o
EXAMINARÁ AVALIANDO-O quanto à sua experiência religiosa e motivos que o
levaram a desejar o sagrado Ministério, bem como nas matérias do curso
teológico. Deve, ainda, o candidato à licenciatura apresentar ao Presbitério:
- Uma
exegese de um passo das Escrituras Sagradas, no texto original (hebraico ou
grego), em que deverá revelar capacidade para a crítica, método de exposição,
lógica nas conclusões e clareza no salientar a força de expressão da passagem
bíblica;
- Uma
tese de doutrina evangélica da Confissão de Fé de Westminster;
- Um
sermão proferido em público, perante o Presbitério, no qual o candidato deverá
revelar sã doutrina, boa forma literária, retórica, didática e, sobretudo,
espiritualidade e piedade.
Julgadas suficientes essas provas, procederá o Presbitério à
licenciatura de conformidade com a liturgia da Igreja Presbiteriana do Brasil.
O Presbitério, após a licenciatura, determinará o lugar e o prazo em que o licenciado
fará experiência de seus dons, designado-lhe também um tutor eclesiástico sob
cuja direção trabalhará.
5º ORDENAÇÃO
Quando
o Presbitério julgar que o licenciado, durante o período de experiência, deu
provas suficientes de haver sido chamado para o ofício sagrado e de que seu
trabalho foi bem aceito, tomará as providências para sua ordenação. As provas
para ordenação consistem de:
- Exame da
experiência religiosa do ordenado, mormente depois de licenciado, das doutrinas
e práticas mais correntes no momento, história eclesiástica, movimento
missionário, sacramentos e problemas da Igreja;
- Sermão em
público perante o Presbitério.
Após ser EXAMINADO E AVALIADO – sendo aprovado – passará o
presbitério a ordená-lo de conformidade com a liturgia da Igreja Presbiteriana
do Brasil.
Observação: Se o Presbitério julgar que
o licenciado não está habilitado para a ordenação, adiá-la-á por tem que não
exceda de um ano, podendo esse prazo ser renovado. Se, depois de três anos, o
candidato não puder habilitar-se para ordenação por insuficiência intelectual
ou espiritual ser-lhe-á cassada a licenciatura e, consequentemente, a sua
candidatura considerando inapto para a função pastoral.
CONCLUSÃO
Esse
é o longo caminho trilhado por um pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. No
período que se estabelece entre cinco a oito anos passamos por vários exames e
avaliações- alguns ficam no caminho, e não chegam ao destino desejado. Mas os
EXAMES E AVALIAÇÕES não circulam apenas na nossa formação, pelo contrário. Eles
nos acompanham durante toda nossa trajetória na Igreja – antes de pastorear
qualquer Igreja o Ministro é EXAMINADO E AVALIADO pelo Conselho local, assembleia
da Igreja e Presbitério. Necessariamente
tem que apresentar relatórios frequentes ao Conselho local e anualmente ao
Presbitério. Esses relatórios são EXAMINADOS E AVALIADOS constantemente, e isso
durante todos os anos ministeriais.